Editorial
Lei do Sossego: novos capítulos virão
Não precisa ser vidente para saber que, aprovada a Lei do Sossego em Pelotas na última quinta-feira, a novela, uma das mais longevas dessa cidade, não vai acabar aí. A tendência é que, após o aceite do texto-base, os vereadores aprovem a redação final e o Executivo municipal sancione o texto. Mas, e depois? Poucos meses atrás, neste próprio espaço Editorial, falava-se sobre a dificuldade que seria ter uma saída que não fosse impopular para essa questão.
Pois na própria sessão da Câmara que aprovou o texto certo burburinho começou. A Guarda Municipal, agora com poder de polícia administrativa, vai ter contingente e capacidade técnica para lidar com essas questões? O repórter Douglas Dutra, que acompanhou as mais de oito horas de discussões da quinta-feira, trouxe às páginas do DP que até alguns vereadores _ incluindo da base do governo _ duvidavam da efetividade do que acabavam de aprovar.
Um outro ponto, bastante sensível, é o do uso de espaços públicos. Desde que o mundo é mundo, jovens têm hábitos noturnos e barulhentos. É natural. A parte que fala em autuar estabelecimentos comerciais é bem praticável, mas e nas ruas? É, no mínimo, duvidável que a partir de agora ninguém mais fará barulho na Bento, na Duque ou no entorno da Gonçalves. Passaremos a multar aos montes e só? A partir disso, abrem-se possibilidades para pensar em espaços para comportar esse cenário.
Obviamente, como estava, não dava certo, afinal, era desagradável para muitos, com uma ocupação descontrolada de espaços públicos, com claramente mais gente incomodada do que gente curtindo a noite. Mas urge a necessidade de pensar em espaços públicos que possam comportar a vida noturna. A repressão nunca foi o caminho. Correr para casa, mandar pra cama cedo, vai-te embora, nada disso funciona. No máximo, vão se criar novos problemas em novos locais.
A partir disso, pode-se pensar nisso como um potencial turístico e econômico para uma cidade com vida jovem pulsante, com gente de fora vindo estudar aqui nas nossas diversas universidades, movimentando Pelotas. Há anos a região do Porto projeta-se como uma espécie zona boêmia da cidade _ mas esbarra também na questão de sossego, afinal, há moradores por lá. O Poder Público, que tantos estudos faz, deveria pensar em achar mais uma solução para sair por cima nessa situação e tornar Pelotas uma cidade com ainda mais possibilidades.
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